

Você já ouviu falar nos Vissungos?
Vissungos são cantos remanescentes de línguas e culturas dos africanos que foram trazidos à força para as minas de ouro e pedras preciosas no século XVIII. O Vissungo tornou-se uma tradição de canto ritual, na qual o trabalho forçado na mineração era dramatizado numa ocasião de esforço comunitário e resistência do povo negro no contexto da diáspora africana.
Alguns desses cantos foram identificados pelo pesquisador Aires da Mata Machado Filho nas décadas de 1920 e 1930 nos povoados de São João da Chapada e Quartel do Indaiá, no município de Diamantina (MG). No início do século XXI, a pesquisadora diamantinense Lúcia Nascimento investigou as sobrevivências dos vissungos na região de Diamantina e Serro, identificando um número já bastante reduzido dessa expressão.
Atualmente, as festas religiosas de cronograma fixo – especialmente a festa de Nossa Senhora do Rosário – passam a desempenhar um papel essencial na preservação dos cantos de tradição africana em Minas Gerais. A Festa do Rosário é atualmente uma importante manifestação da memória e da cultura negra em Diamantina e região, símbolo de resistência, ancestralidade, força e fé.
Nas imagens acima, registros da Festa do Rosário em Diamantina no ano de 2018 pelo olhar do fotógrafo Jáliton Ferreira @jalitonf , belo-horizontino e residente em Diamantina.
Fonte: Vissungos: cantos afrodescendentes em Minas Gerais. Organização: Neide Freitas e Sônia Queiroz


As Festas do Rosário, celebradas em território mineiro desde o século XVIII, desempenham atualmente um papel essencial na afirmação da memória e da cultura de origem africana em Diamantina e região. São, ainda, um espaço de ritualização e permanência dos vissungos, cantos remanescentes de línguas e culturas dos africanos que foram trazidos à força para as minas de ouro e pedras preciosas no século XVIII.

Nesses festejos, as tradições de origem mais especificamente africanas estão representadas no grupo de dançantes denominado Catopê. Num contexto em que outros grupos também tomam parte, como o caboclo e a marujada, simbolizando e assumindo funções diversas, o Catopê é o grupo mais importante do ponto de vista hierárquico, já que, além de outras prerrogativas, como a retirada da bandeira de Nossa Senhora da casa do Mordomo, ele é o responsável pela guarda e condução direta de reis e rainhas ao longo de todo o Reinado – termo com que são também designadas as Festas de N. Sra. do Rosário e que se refere à presença de reis e rainhas escolhidos entre os membros da Irmandade do Rosário.

Nas imagens, você confere os registros da Festa do Rosário em Diamantina realizada em 2018, pelo olhar do fotógrafo diamantinense Willliam Santos @williambalduinodossantos.
Fonte: “Emo quá”, um vissungo. Daniel Magalhães. In: Vissungos: cantos afrodescendentes em Minas Gerais. Organização: Neide Freitas e Sônia Queiroz